Avaliação do desempenho ambiental da produção de leite oriunda de agroindústrias familiares

Abstract

O fortalecimento da agroindústria familiar no Brasil através da criação de programas governamentais fundamenta-se na melhoria de renda e emprego de significativa parcela da população, uma vez que cerca de 70% dos produtos consumidos no país são oriundos de agricultura familiar. Do mapeamento das agroindústrias familiares, o setor de leite e derivados tem expressiva participação no Estado de São Paulo. Dada a representatividade e importância da produção de leite no país e no Estado de São Paulo, o objetivo deste estudo foi mensurar as interfaces ambientais da produção de leite proveniente de agroindústrias paulistas. Foram feitas visitas em 7 fazendas dentro de Estado de São Paulo entre 2018 e 2019, sendo uma orgânica extensiva com produção irrigada, uma confinada/intensiva e as demais de sistema semi-intensivo. Com base nas informações sobre produção de alimentos (interna e externa), criação das vacas e ordenha, foi aplicada a ferramenta de Avaliação de Ciclo de Vida e mensurados indicadores ambientais de uso de terra, consumos de energia fóssil e água, e emissões de gases de efeito estufa. O uso de fertilizantes sintéticos na produção de alimentos contribuiu significativamente para o aumento da pegada de carbono devido à emissão de óxido nitroso; a fermentação entérica correspondeu a 97- 99% da emissão de metano de atividades dentro da fazenda. Das atividades dentro da fazenda (produção de alimentos interna, criação animal e ordenha) a água é destinada em sua maior parte na etapa de criação animal (35 a 50%), entretanto, quando há irrigação esta representou mais de 90% de toda água do processo. A produção de alimentos ocupa mais de 70% das terras utilizadas nos processos avaliados e a compactação pela alta densidade animal no pasto foi um fator negativo encontrado em uma das pequenas propriedades. Neste estudo, observou-se que o aumento da produtividade e da qualidade do leite são diretrizes para a diminuição do impacto ambiental; a adoção de sistema orgânico pode ser uma alternativa para a redução das emissões de gases de efeito estufa, além de promover maior bem-estar animal.